quinta-feira, 3 de março de 2011

Quem é vivo...

Sempre aparece! Oooooi minha negada! Saudades de mim?

Pois é, quem diria né... Faz um tempinho que eu não escrevo aqui... Desde o Natal, né não? Então, o que acontece é que eu to sempre adiando escrever aqui, não sei porque... não que eu não tenha coisa pra contar, mas o que eu mais tenho aqui é preguiça.
Vocês não fazem ideia da preguiça que o inverno depositou nas profundezas de minh'alma. Sério, se vocês acham que o inverno brazuca deixa vocês preguiçosos, vocês ainda não viram nada!
Nossa, eu tava vendo o meu último post. Que putinha falsa que eu sou, iludi o coração de meus fiéis leitores falando que o próximo post viria "dali a alguns dias"... Malz ae negada =/
Maaas acontece que eu tenho, na verdade, tido muita coisa pra fazer ultimamente. Sério, não tenho parado em casa. Cada final de semana eu to numa cidade diferente, visitando um povo diferente e tal... Mas agora eu vou tentar recordar todos os acontecidos e contá-los em ordem cronológica. O que vai ser meio fodinha, mas a gente administra a falta de memória do jeito que der.

Bem, a primeira coisa que eu tenho pra contar é da festa de Natal em si... tá, dessa eu nem me lembro direito. E não, não é pelo motivo honrável e memorável do excesso de sangue no álcool. É porque as festas aqui, no geral, são tão sem graça que dói quando comparadas às festas brazucas.
Eles não reúnem a família toda. Nem os amigos. É só a familia próxima, ou seja, quem mora na casa. O jantar é servido lá pelas sete da noite, o que é BEM tarde pra eles jantarem, já que esses loucos jantam às cinco. Às vezes eu tenho certeza que é o frio que prejudica o cérebro da branquelada (não dá pra chamar de "negada" um povo que não tem Sol por 3 meses no ano, né) daqui...
O que eles têm de legal é a entrega de presentes, que nas casas com criança (como era o meu caso, mas eu prefiro chamá-las de "demônios infernais" ou "assistentes do janho". "Macaquitos demoníacos" também serve) é feita por uma pessoa vestida de Papai-Noel. O velho barbudo é coisa grande aqui, já que eles falam que o cara originalmente é daqui. Nem fodendo, na minha opinião. Um finlandês nunca teria a cara-de-pau de entregar presentes pra desconhecidos, sendo que eles nem falam com pessoas que não sejam mais próximas do que os prótons são do núcleo. Mas tá whatever. Foi divertido, eu recebi uns presentinhos massa, muito chocolate Fazer (a marca que, como todo o resto, eles dizem ser a melhor do mundo. É boazinha, mas eu ainda não troco o meu Garoto por nada. E não pervertam essa frase, seus putos) e um livro legalzinho sobre o país. Ah, também ganhei uma placa daquelas de por na porta escrito "TERVETULOA", que significa "bem-vindo" em finlandês.
Isso contado, vamos para o ano-novo. Eu nem acredito que ainda não contei disso pra vocês. Eu jurava que havia contado já. Mas tá, anyway.

O Ano-Novo. Como sempre, eu esperava uma puta festona cheia de gatinhas finlandesas em roupas brancas super sexy, fogos de artifício a dá-co-pé e muita, muita bebida. E como sempre, eu esqueci que eu não to mais no Brasil... só me faltou imaginar que a festa seria na praia (que hoje em dia pra mim é um conceito abstrato, solamente). Não que a festa tenha sido ruim, claro que não. Foi bem... finlandesa.
Meus amigos do terceiro ano me chamaram pra festar na casa da Catarina, que é onde eu moro agora (minha terceira família, falarei deles mais tarde). A mina estuda na minha escola, mas no segundo ano, isso porque ela fez intercâmbio na Nova Zelândia (o lugar mais original do mundo pra intercâmbio, convenhamos) e perdeu um ano na escola. Garota legal, ela. Feia que dói, mas legal pacas.
Tá, chegamos lá pelas sete da noche na casa, eu com oito Guiness (que aqui é barata pacaceta, morram de inveja) e a negada com mais uma cacetada de bebida. Como estamos falando de finlandeses aqui, e eles parecem ter menos fígado que os japas (que já são tão fracos que com o cheiro de cerveja eles entram em coma) lá pelas oito e meia já tinha uns neguinhos pirando na maionese. Bem, éramos uns seis, sete... ficamos na cozinha bebendo, comemos uma coisinha ou outra e fomos pra sala. Jogar um jogo de tabuleiro. Em dialeto. E eu fiquei lá parecendo um poste sem entender porra nenhuma, mais perdido que filho de puta em dia dos pais. Mas tá, demos umas risadas e tal, tudo legal. Eu na minha terceira Guiness, fomos jantar. Jantarzinho massa, quando a gente vê já era cinco pra 2011. Fomos lá fora. Meu amigo fala "vou pegar os fogos no carro", e eu pensando "ah, finalmente algo alegre, decente, honrável, digno do melhor país do mundo e tal". Que nada preibói, eram tipo uns cinco foguetinhos dos mais marca-barbante da paróquia. Deu meia noite, a gente saiu no meio da rua (que nem podia ser distinguida pelo excesso de gelo e neve) e soltamos os cinco foguetinhos na maior alegria. Eles pareciam umas criancinhas. A gente abriu um champanhe e, quem dirá, eles todos se abraçaram. De fato, só em ocasiões especiais.
Voltamos pra dentro. "Agora que a festa começa" eu pensei, ainda com um pingo de fé nesse povo. Que nada manolo, era uma da matina já tava todo mundo morto. Os mais pingados foram buscados pelos pais e a gente foi dormir. DUAS DA MATINA E EU DORMINDO. ANO NOVO. TUDO ERRADO.
Não digo mais nada, fato.


Bem bem bem, agora começamos 2011. Aninho anudo esse né?
Os acontecimentos interessantes do início de 2011 envolvem:
- Muitas viagens: duas idas a Helsinki, acho que duas a Oulu e umas três a Turku, pra onde eu também vou amanhã de manhã. Uma das idas a Helsa foi com o meu papito, que encontrou-me acá. Mas isso vem depois.
- Mudança de família: foi tipo a alma do Saddam Hussein sendo perdoada e indo das profundezas do inferno pro melhor lugar no céu. Não é nem "sentado à direita (ou esquerda, sei lá) de Deus. É mais "chutando a bunda do véio e pegando o trono pra si"
- Veteranos indo embora, calouros chegando: triste, mucho triste. Mas ao mesmo tempo, feliz. Só que mais triste do que feliz.

Empezemos com as viagens. Não tenho muito a contar sobre as outras que não as idas a Helsinki, e também daqui a pouco eu recebo uma mensagem do Blogger falando "para de escrever, seu tosco"
A primeira ida a Helsa foi com dois motivos: férias dos assistentes do janho com quem eu morava na época e a despedida dos veteranos no aeroporto.
Houveram duas ondas de veteranos indo embora. A primeira foi dia 7, mas foram só dois. Sonya, da África do Sul e Jon, da Nova Zelândia/Dinamarca. Eles foram cedo pacas (quando eu digo cedo pacas, eu quero dizer lá pelas seis da madruga) então eu e a Alysha (a canadense na casa de quem eu me hospedei enquanto em Helsa) chegamos no aeroporto lá por umas quatro, pra ter tempo com eles. Foi triste, foi horrível, mas não foi o pior. Porque com eles eu não tive tanto contato, não passei tanto tempo, e embora eles sejam pessoas incríveis que eu nunca vou esquecer, não doeu tanto vê-los partindo.
Consideremos o dia 7 como uma espetadinha com a ponta da espada antes do golpe final que cortou meu coração ao meio e me fez soluçar por dias (caralho, isso foi muito dramático. Tenho que parar de ler Allan Poe).
Bem, dia 14 teve a outra ida dos veteranos. Dessa vez foi uma ida massiva. Todos (ou quase todos, ainda tinha uma retardatária em Turku) os australianos foram no mesmo vôo, de uma vez só. Todo o povo que tanto me inspirou, tanto me ensinou, tanto me ajudou, tava indo embora. Eu não sei se jamais verei eles de novo. Espero que sim, mas não sei né.
Os meus veteranos favoritos tavam indo cara. A Nicole Festing, que começou a falar comigo uma cara antes de eu sequer vir pra cá. A outra Nicole, que é uma das coisinhas mais fofas e abraçáveis que eu conheçi. E o Tish, meu grande mestre, meu grande antecessor, o prévio portador do chapéu. Tinha veteranos lá que eu nem conhecia, ou que eu conheci na Lapônia só. Isso também foi horrível, porque eu me senti um bosta de não ter conhecido eles antes, sabe. Gente tão legal, tão divertida.
Ver eles todos passando pelo portão, pela segurança do aeroporto e tal, foi horrível. Sério, acho que só intercambista que passou por isso entende. É muito foda. E o pior é que não só dói, não só sente como se uma parte de você estivesse subindo no avião pra sabe-Deus-quando voltar, mas também faz você se tocar que o teu tempo tá acabando, que você já tá nessa porra há seis meses e que antes do segundo tempo você tá de volta em casa. E isso é MUITO estranho.
Todo o conceito de voltar mudou pra mim depois disso. Eu não me vejo mais indo embora, voltando pra Curitiba e indo aos mesmos lugares que eu ia antes, com as mesmas pessoas e tal. Não que eu não sinta mais saudade disso, claro que sinto. Mas é que a minha vida aqui é tão boa, tão perfeita que é difícil imaginar uma outra. Depois de seis meses você já se acostuma tanto a ouvir inglês/finlandês/sueco que ouvir português é estranho. Eu passei esses tempos um final de semana com a Thais (de Foz) e a Fernanda (de Cornélio) e só falar com elas já era muito estranho pra mim, sério mesmo. Não sei, só sei que tá diferente. Eu to diferente.

Bem, passadas as tristezas e tal, eu voltei aqui pra terra do tomate e passei uma semana, antes de voltar pra Helsa e dessa vez encontrar o Digníssimo Progenitor Desprovido de Cobertura Capilar. Como aqueles que me conhecem sabem (porque eu me gabo disso o tempo todo), o meu papito é professor de arquitetura na Pontifícia Universidade Careca Católica do Paraná. O manolo, além de ser todo fodão lá no curso, ainda meio que coordena as viagens da negada. E todo ano ele consegue uma viagem pra Europa. Coisa pouca né.
Tá, dessa vez ele decidiu vir cinco dias antes e me encontrar na grandiosa Jóia Branca do Norte, a maravilhosa Helsinki. Cidadezinha legal pacas aquela, sério. Aconselho visitar, sempre que possível. Eu vou sempre que dá. O foda é que é cinco horas e 25€ pra chegar lá, mas susse.
Bem, a coisa começa antes de eu encontrar meu pai, numa outra cidade chamada Tampere. Lembram na minha primeira semana aqui, que eu tava no acampamento em Karkku e tive um dia pra encontrar meus veteranos em Tampere? Se não lembram, olhem no arquivo do blog, seus preguiçozinhos. Então, mesma coisa. Só que dessa vez eu era o veterano. E conheci os calouros, mas nem falei muito com eles. Foi assim: abraça todo mundo, se apresenta, dá uns conselhos gerais, pergunta o nome e a cidade aqui e esquece no minuto seguinte, essas coisas.
Isso terminado, fui pra Helsa encontrar o meu pançudinho. A gente tava num hotel mó massa, tipo uma kitnet num bairro-ilha chamado Katajanokka. É lá que se encontra a Uspenski Katedraali, a catedral ortodoxa russa da cidade. Uma coisa linda que só, ficava a duas quadras do hotel.
Passamos cindo dias maravilhosos, envolvendo compras na Stockmans (sim, eu tava com saudade de gastar a grana do meu velho) onde eu ganhei uma câmera e um mp3 player decentes, além de um bando de bebida e comida boa. Meu pai conheceu a maioria dos intercambistas que moram na área, inclusive os pais da Alysha (donos da casa onde eu fiquei na vez anterior, super-duper-hiper-mega-overpowerly legais), foi em uns bares mucho maneiros comigo e visitou a maioria dos pontos turísticos da cidade. Foi muito legal mesmo matar a saudade um pouquinho daquele calvo desgraçado que eu tanto amo e admiro.
A gente esteve dentro do prédio do Senado, onde eu encontrei uma Senadora daqui de Närpes que eu conheci na festa de Natal do meu Rotary e que me convidou pra tomar um café lá onde ela trabalha (sim, aqui no primeiro mundo senadores realmente trabalham). Quando a gente tava sentado conversando, apareceram dois caras seguidos por um bando de câmeras e fotógrafos no maior estilo paparazzi. Daí a senadora falou que era um senador que tava envolvido num escândalo, parece que tinha desviado uns milhões de euros ou algo assim. Ela nem falou nada além de "não dou três dias pra esse aí". Isso significa que em três dias ele teria renunciado o cargo e, provavelmente, deixado o país. É assim que funciona aqui. E é por isso que aqui funciona.
Bem, papis foi embora e eu voltei pra minha terrinha tomatosa, onde fiquei por mais um tempo até viajar de novo, nem lembro pra onde. Acho que foi pra Oulu. Ou não, sei lá.

Assim passou Janeiro. Fevereiro, como sempre, passou antes de eu começar a piscar. Já tamos em Março. Daqui a cinco dias faz sete meses que eu estou aqui. E não, eu não quero que acabe. Mas ao mesmo tempo eu quero. Sei lá o que eu quero.

E amanhã eu vou pra Turku. E no meio do mês eu vou pra Suécia e Noruega com a minha família. E no fim do mês eu vou pra Rússia. Então esperem posts. Sempre esperem posts, porque mesmo que eles demorem, sempre vêm. E negada, não esqueçam de mim viu. Porque eu não esqueço de vocês, podem crer.

Saudades, muitas saudades!


Beijundas!

sábado, 25 de dezembro de 2010

Relatos Lapônicos

Daeee negada! Quanto tempo né!

Primeiramente, desejo um feliz natal pra todo mundo.

Como eu já expliquei o motivo da minha demora, não vou me prender nesse assunto por muito tempo. Acabou que o meu computador só voltou a ler o cartão da câmera ontem, deve ter sido um milagre de natal. Até porque eu já tinha tentado de tudo pra fazer aquela merda funcionar... Então agora eu posso por umas fotos legais que eu tirei lá pra vocês terem uma ideia de como são as terras do norte. Norte do norte, na real.

Bem, a viagem à Lapônia... Cara, foi fantástico! Não só pelo lugar, que é lindo, mas por causa do que aconteceu lá. Eu reencontrei todos os intercambistas, alguns dos quais eu não via desde o acampamento em Karkku. A maioria, na verdade, porque eu moro isolado de qualquer presença intercambística.

Bem, não vou contar tudo com detalhes. Tenho muita preguiça disso, e já faz tanto tempo que a maioria dos detalhes é somente uma sombra, uma vaga imagem em minha mente. Mas a sensação de estar lá, no meio daquele povo, essa ainda é fresca e se eu concentrar-me posso senti-la novamente, embora com o pingo de saudade gerado pelo fato de ser apenas uma memória. Foi tudo maravilhoso, cada minuto. Muitos abraços e carinhos, muita festa e muitas, muitas risadas.

Eu enfrentei uma viagem de muitas horas até aquele lugar. Creio que foram umas 12 horas no bus, na real. Esse foi um dos melhores períodos porque a gente sempre tava conversando e nunca parou pra dormir. Nas breves paradas eu e a Chrissa (americana, massa pacas) saíamos do bus pra fumar um cigarro e esperar outros embarcarem. Tava MUITO frio. Passamos por umas paisagens lindas, embora fossem sempre meio iguais... Dessas eu não tenho foto porque a minha câmera tava na mala, que tava no porta-malas do bus...

Chegamos lá e demos uma olhada no Harriniva Hotel, o lugar onde iríamos ficar. Muito legal, todo feito de madeira. Acho que aquilo é tipo a versão finlandesa dos hotéis-fazenda que a gente tem aí, sei lá. Os quartos eram super confortáveis e bonitinhos, os detalhes de madeira e vidro finlandês super bem trabalhado. No meu quarto ficou o Victor, um baiano de Aracajú (ou algum lugar no Nordeste, lá é tudo Bahia pra gente mesmo...) e o Santa, um chileno. Isso significa que a língua que reinava no quarto era o castellano, já que os castellanos não entendem português. Pelo menos treinei um pouco...

Durante os dias que a gente passou lá (cinco dias no total, mas só três inteiramente no hotel) fizemos várias coisas, entre elas ver as renas. Cara, elas são legaizinhas mas não tanto quanto a gente imagina. E os narizes não são vermelhos, isso foi uma decepção. Andei num trenó puxado por renas, caminhei pacas na neve e tentei esquiar.

Essa experiência foi maravilhosamente desastrosa. A de tentar esquiar, eu digo. Eis o relato:
Depois de lutar por mais de meia hora só pra ficar de pé naqueles troços, eu finalmente andei até o meio da rampa "ultra-mega-baby-fácil". Aquela para qual as crianças finlandesas olham e dizem "que troço ridículo."
Comecei a descer, e estava indo muito bem nos dois primeiros segundos. Então o pior aconteceu: eu perdi meus pauzinhos. Sabem, aqueles pauzinhos que você usa sei lá pra que. Eles caíram de minhas mãos, e logo depois eu perdi o equilíbrio e caí. Mas eu não parei. Eu caí sentado nos meus esquis e continuei escorregando, pensando em minha própria morte enquanto eu me aproximava das árvores.
Minhas mãos estava atrás de mim, tentando fazer o esqui parar. Nisso, neve começou a entrar em minhas luvas e eu já não sentia mais metade de meus punhos. Aí o pior de tudo aconteceu. Eu caí de novo. Na verdade eu perdi o equilíbrio e caí nas minhas costas, mas continuei escorregando. Agora eu olhava para o céu, as nuvens passando rapidamente por mim, sem saber para onde eu ia ou qual era o meu cruel destino. Lembro-me de, enquanto olhando para o céu, ter pensado "porque, Deus? Porque a Finlândia? Porque não as Bahamas?"
Enquanto eu praguejava Deus e todos os santos pelo que acontecia comigo, senti a neve entrando em minha camiseta, passando por todas as camadas de roupas que eu usava (estava -25) e tocando a minha pele, acumulando-se entre minhas costas e a primeira camiseta térmica que eu vestia. Aquilo sim foi uma bosta. Parei de sentir minhas costas, e podia quebrar a espinha em três lugares diferentes que não sentiria nada. Parei de escorregar. Levantei minha cabeça e vi que tinha sido parado por um montinho de neve, divinamente colocado ali. Era como se os deuses estivessem falando "Já rimos o bastante por hoje".
Levantei, e toda a neve que estava nas minhas costas escorregou para dentro das minhas calças. Atravessou as três camadas de calças que eu vestia e atingiu minha bunda. Foi descendo, e acabou atingindo minhas duas companheiras. Finalmente eu sabia o que era uma "Ball-Freezing Experience".

Não sei exatamente porque isso aconteceu, talvez porque os brasileiros simplesmente não foram projetados para andar na neve, quem dirá escorregar. Ou talvez porque era minha primeira vez, e como eu ouvi várias vezes naquele dia "da próxima será melhor". Próxima? Ha.

As renas. Essas foram legais. Muito frio ainda, mas sem neve nas calças, fui até uma fazenda de renas e conheci uma velhinha que está na milionésima terceira e sei lá quantas geração de criadores de rena oficiais da Lapônia. Admirável, e super cuti cuti nas roupinhas típicas, ela nos ensinou como laçar uma rena usando uma corda e uma rena de madeira como exemplo. Todo mundo tentou, e a maioria acertou. Aqueles que me conhecem sabem que minha mira nunca foi das melhores, então não precisa dizer que eu quase acabei laçando uma árvore próxima (10 metros é próxima pra mim, tá u.u).

essa é pra você, Nani =D

Bem, teve as festas também. A gente se divertiu muito, teve duas festas. Infelizmente, a gente tinha que estar na cama às 11, então elas não duraram muito. Mas uma delas foi a festa tradicional da viagem à Lapônia, a festa sem calça. Basicamente todo mundo tirou a calça e foi festar foi bem interessante. Claro, todos usavam roupa de baixo. Afinal, nada de obsceno acontece no intercâmbio. Not.

Ah, tem uma coisa importante também! Na verdade a coisa mais importante dessa viagem, pelo menos pra mim. Sabem que tem os veteranos né? Aquele povo que chegou aqui em Janeiro passado e volta nesse. Então, essa era a última viagem deles, e a última chance de eles encontrarem todos os calouros (nózes) em um lugar só. Isso significa que era hora de passar os presentes adiante.
Os presentes são uma tradição do intercâmbio da Finlândia. Eles passam de geração em geração, de acordo com o seu significado, e sempre são dados no último encontro de todos, como era o caso.
Haviam muitos presentes, tantos que eu nem lembro direito. Mas o que eu ganhei eu lembro (capitão óbvio!)
Eu sou o herdeiro oficial d'O Chapéu. Também conhecido como A Coroa ou Chapéu do Especial, ele é dado àquele intercambista que se comunica com todos, faz todo mundo rir e nunca demonstrou preconceitos nem nada do gênero. É o cara social e tal, que nunca para de conversar e sempre tem assunto. E esse sou eu, aparentemente.
Embora eu conheça muita gente que merecia mais o chapéu do que eu, estou muito feliz com o presente. Nunca imaginei que iria ganhar uma honraria dessas. E ele não só simboliza tudo aquilo que eu falei ali em cima, mas também simboliza que eu agora sou como que um "líder" dos calouros. Eu devo organizar eventos e estar sempre presente e tal. É por isso que muita gente chama de A Coroa.
O cara que me passou-a, um indiano australiano chamado Tish, segue realmente esse perfil. O cara sempre foi um líder no grupo, consegue influenciar e mudar as opiniões das pessoas para entrar em um consenso, e tá sempre falando com alguém. Ele é um cara muito legal mesmo.

Acho que isso é tudo que eu tenho pra contar pra vocês sobre a viagem... Sei que eu não tinha muitas fotos, e na verdade eu não tenho escrito muito porque antes eu tava muito ocupado e agora ando muito ocioso. Sei lá, tenho pensado muito em tudo e to fazendo umas mudanças básicas. Não se assustem, nou estou virando finlandês xD

Gente, sinto muita falta de todos vocês aí. Até daqueles que eu não conheço, porque eu sinto falta do povo brazuca num geral. Cuidem-se e festem pacas agora que é tempo!

Meu próximo post virá daqui a alguns dias, mas provavelmente depois do ano novo. Daí eu vou contar pra vocês como foi a festa de natal ontem (não tem muito pra contar na real) e como vai ser o ano novo.

Beijundas!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Explicação =)

Oi negada!

Só estou aqui brevemente pra explicar porque eu ainda não escrevi nada...
Eu tive a viagem da Lapônia, que foi maravilhosa. Mas acontece que eu estou tendo uns problemas com o meu pc que não quer reconhecer o cartão da câmera, então eu não tenho como colocar as fotos no pc. Acho que vou comprar um cabo usb pra câmera logo, então podem ficar susse.
Também tá chegando a hora dos veteranos voltarem pra casa, então tão rolando um bando de festas de despedida e tal. To meio sem tempo, sabem como é né.

Mas assim que estiuver tudo resolvido eu posto um livro inteiro de experiências maravilhosas que eu tive na terra do Papai Noel com os outros intercambistas! E não se preocupem, eu não vou esquecer nada. Essa viagem foi algo tão especial que vai ficar na minha cabeça pelo resto da vida.

Falo com vocês mais tarde meus negos. Se cuidem!

Bjundas!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Update do Último Post

Negada, só dando um update aqui...

Lembram que eu falei do show que eu fiz com a minha turma de música né?
Então, o show foi filmado e o vídeo já está aqui pra todo mundo ver =D
Tem uns 45 minutos, e eu sei muito bem que ninguém vai ter a paciência de ver o vídeo inteiro. Mas vale a pena dar umas puladas pra ter uma ideia de como foi ;D

http://vimeo.com/17083231

Eu sei que a qualidade não tá muito boa. E o fato é que esse foi o pior dos 3 concertos iguais que a gente fez. Foi o último, e vocês vão notar que não tinha muita gente. Só umas 20 pessoas, enquanto o segundo teve umas 250. O melhor é que esse foi o show que a gente mais errou, tá todo fudido na real... mas tá aí anyway =)


Beijundas!

domingo, 21 de novembro de 2010

Nova família, coisas avulsas

Oooooe negada!

Pois é, ainda estou vivo! Quem diria né xD

Tentem entender, eu não escrevi nada nas ultimas semanas porque... eu tava com preguiça, como sempre.
Não tenho nenhum motivo mais racional, mas tenho um raciocínio bom: pensem na preguiça que vocês sentem no inverno daí. Não dá vontade de fazer nada, né? Pois é, aqui é outono e tá -5. Agora pensem na minha preguiça.

Bem, eis que finalmente eu vim escrever sobre tudo que aconteceu nas ultimas semanas.

Primeiramente, eu fui até Suonenjoki visitar o Mathaus, um brasileiro que tá lá. 10 horas de viagem, mais ou menos. Um pé no saco, a viagem. Ficar lá foi divertido pacas, pelo menos. É tão bom falar merda na minha própria língua com alguém ao vivo, sabem. Bem interessante. Além disso, não tenho nada de especial pra contar sobre esse final de semana que eu passei lá. Talvez eu tenha umas fotos, mas to com preguiça de procurar agora...

A maior novidade é a minha família nova. Me mudei pra cá no domingo passado.
Eles são super legais, muito mesmo. Pai, mãe e três filhos. E três gatos. E uns três tratores. E umas 25 vacas, eu acho.
É, pois é. Vacas. Meu pai é um fazendeiro.
E minha mãe é professora. E os dois são muito massa.
Eu to morando mais no cudomundo ainda, numa vila chamada Skratnäs (ou algo assim). Fica a 5km de Kristinestad, aquela cidade ao sul de Närpes. E fica a 20km de Närpes. Pois é, to quase em outra cidade, mas ainda é território de Närpes.
Eles são uma família bilíngue, falam tanto finlandês quanto sueco em casa. Minha mãe só fala sueco comigo, o que tá me ajudando bastante a aprender mais, e ela também começou a me ensinar finlandês, o que não sei se vai funcionar, mas eu to tentando.
A casa é bem legal, bem estilo campestre. De novo, me sinto num hotel-fazenda. Ainda mais com as vacas e o constante cheiro de merda de vaca do lado de fora.
Não que eu saia muito, afinal tá um frio do diabo lá fora. Agora a pouco eu saí pra tirar umas fotos e senti que ia perder os dedos e as orelhas. E isso que tá "só" -5. Imaginem no inv(f)erno. E eu que costumava gostar de frio.
Essa aí é a minha casa. Tão vendo aquela janela alí à esquerda da porta? É a minha janela :3
Vocês podem ver que já tem "um pouco" de neve. As aspas são porque na Bahia isso seria o Apocalipse, e vocês sabem.


Essas duas fotos aí são do meu quarto. Era o antigo quarto de brinquedos das crianças, mas a minha mãe deu uma ajeitada e virou um quarto bem massa pra mim. To bem satisfeito com o quarto e com tudo que eu tenho aqui.
Todo dia eu acordo às 7.30 pra pegar o bus às 8.20 e chegar à escola às 8.55, 9. Minha aula começa às 8.50. Massa né? Não que eu me importe muito com a aula aqui, mas passar todo esse tempo no bus é um saco. Isso que ainda tem a volta. E só tem um bus pra ir e um pra voltar, então se eu perder um dos dois já elvis.
O ambiente aqui é bem legal mesmo. Quem me conhece sabe que eu sempre fui um tanto bucólico, mesmo sendo este ser urbano que sou. Nunca dispensei uma estadia no campo, fato. 
Essa aí em cima é uma porta. (ah vá)

Cara, nem sei o que falar da família. Ah, os nomes (se é que isso importa mesmo) a mãe é Soile, o pai é Kenneth, e as crianças são Ellen (filha mais velha, 9 anos), Kalle (manolo do meio, 4 se pá) e Martin (caçula, 2 ou algo do gênero). Eles são muito massa. As crianças adoram brincar comigo, e eu acho muito engraçado o fato de eu não entender porra nenhuma do que eles falam (não falam sueco nem finlandês, falam criancês. Sabem, aquela língua incompreensível que só os infantes falam. Isso misturado com algumas palavras tanto em finlandês quanto em sueco).
Acho que não tenho mais nada pra falar deles por enquanto. Logo logo eu posso falar alguma coisa deles, mas a vida aqui é tão cotidiana e monótona que eu acho pouco provável. Ah, esse é um bom motivo pra eu não ter escrito nada antes.

Ah é, quase esqueci de contar de sexta. Tive um dia agitado na sexta.
Lembram que eu falei que faço aula de música aqui? Pois é, com o pessoal do primeiro ano ainda não tinha rolado nenhum show, e essa era a aula mais massa. O segundo ano é uma bosta, só tocam música mainstream de rádio de merda. Tipo Rihanna. Pois é, tive que tocar isso.
Anyhow, a gente tá desde quando eu cheguei aqui planejando esse show do primeiro ano. Ensaiamos pacaralho, e foi tudo muito bem elaborado.
O tema do show era surrealismo. Na verdade essa foi só uma desculpa pra fazer um show totalmente nonsense e colocar o que desse vontade no programa. E foi isso que a gente fez.
O show começa com um video do Alex de vestido e óculos (parecendo uma vó) falando "pegue uma cadeira" em vários shots diferentes. Depois disso, o Magnus (de terno e gravata) vai até o palco e fala algo como "estamos aqui hoje para tocar uma seleção de pop-rock mainstream de rádio, e iremos começar com a consagrada 'Arrancando os Olhos de Deus' por 'Cabeça de Bode'. Nisso, eu (usando a bandeira do Brasil como saia e a bandeira menor como bandana) começo a tocar Hysteria, do Muse. A gente toca a música, e o show continua indo de louco a mais pirado ainda.
To muito sem empenho de contar tudo, mas os hotspots foram: papai noel entregando o programa do show, cut de Trainspotting (a cena de "What a Perfect Day", procurem), filme de eu vestido de Jesus socando o Justin vestido de Justin Beaver, todo mundo dançando Oops I Did It Again, essas coisas.
Como vocês podem ver, foi uma vidalokisse total.
Bem, fizemos esse mesmo show 3 vezes, pra públicos diferentes. E depois a gente foi até Böle tocar uma música como convidados num show de comédia local. Um troço muito legal e bem elaborado, em que eles fazem um esquema de comédia meio stand-up meio stage-show em dialeto. Muito massa mesmo. Pena que eu não entendi porra nenhuma, afinal se você quer um lugar onde eles falam dialeto hardcore, é lá.

É isso ae negada, por enquanto pelo menos. Agora sim eu não tenho mais nada pra escrever. Ah, logo logo vou pra Lapônia. Daí vou ter coisa pacaralho pra escrever. Só não sei se terei o empenho, como sempre xD

Mas por enquanto se cuidem aí, aproveitem o verão (seus merdas, morram) e a gente conversa mais pra frente.

Beijundas!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Fatos Curiosos da Finlândia - IV

Senhoras e Senhores, bem-vindos à quarta edição do mágico, estupendo, dramático, cacofônico, escatológico, anticonstitucional... Fatos Curiosos da Finlândia!

Curtiram a entrada espetacular né. Podem dizer, eu sei que gostaram.

Então gente, estou aqui pra contar da minha última experiência com a maravilhosa cultura desse gélido território setentrional. Finalmente, fui caçar.
É, eu sei. É estranho pra nós, brasileiros, falar em caçar sem pensar em ficar com medo do IBAMA. Mas acontece que aqui a caça é legalizada. Mas antes vamos aos antecedentes desta tragicômica epopéia.
Tudo começou com a chegada do "Feriado de Outono" (não vou escrever o nome em finlandês porque, embora na Finlândia, eu ainda não falo finlandês. Ainda.). Este é normalmente composto de uma semana, e assim foi para todas as escolas do país, menos a minha. A minha teve apenas quinta e sexta. Não, eu não sei porque.
Bem, na quinta feira eu fui pra Vasa encontrar o pessoal. Pessoal = Nicole, a australiana ruiva; Casper, a americana vidaloka e Baptiste (aka Frenchy ou French Fry), o francês não-tão-viadinho. Bem, chegamos lá às 10 da matina e não tínhamos porra nenhuma pra fazer.
Então decidimos tomar um café enquanto pensávamos em alguma coisa. E foi assim que começou. A gente passou umas 2 horas num café conversando, daí saímos pra fumar um cigarro (a única que não fuma é a Nicole). Só que tava muito frio. Daí andamos um pouco e vimos outro café. Entramos, pedimos um café e ficamos mais umas 2 horas. E virou um ciclo vicioso. Tomamos uns 5 cafés e fumamos uns 10 cigarros cada.
Mas essa ainda não é a melhor parte, não não.
Bem, as duas senhoritas moram em Seinäjoki (na verdade e Nicole mora em Koskenkorva e a Casper em Ilmäjoki). Elas tinham que pegar o trem para Seinäjoki às 19.35, na estação de trem. Onde, e é importante que vocês se lembrem, o Frenchy tinha deixado sua mala, trancada num daqueles armários.
Lá por 19.20 nós fomos até a estação de trem e esperamos o trem chegar. Eu e o Frenchy acompanhamos as garotas até o trem. Até aí tudo bem, nada de novo. Esperamos elas entrarem no trem e voltamos pra dentro da estação. Esperamos uns 5 minutos e decidimos sair pra fumar mais um cigarro. Saímos, fumamos, e voltamos. Bem, quase.
Quando chegamos até a porta automática da estação de trem, ela não abriu. Tudo bem, pensamos ingenuamente. Vamos pela outra porta. Adivinhem. Esta também não abriu.

Eis que entra em ação o grande clássico da poesia: "E agora José?"

Bem, a estação de trem estava fechada, com a mala do meu amigo franco lá dentro. E ele tinha que voltar para Kokkola, onde ele mora, que fica 2 horas para o Norte. E agora José?

Eis que eu vim com uma solução simples para o problema: ele vinha comigo até Närpes (1 hora ao Sul de Vasa), passava a noite aqui e, no dia seguinte, pegava o ônibus para Vasa. Lá, ele pagava a mala e ia até Kokkola de trem. Sem problemas. Os pais dele estavam viajando, então nós só precisávamos da permissão dos meus pais, o que não foi um problema. E foi assim que aconteceu. Problema resolvido.

Na verdade eu nem sei porque enrolei vocês com essa história besta, porque ela não tem nada a ver com o assunto deste FCF, mas tudo bem. Vamos ao assunto principal.

Então, como eu disse lá em cima, eu estava no meio do Feriado de Outono. Para aproveitar o feriado, meus pais decidiram levar a minha irmã para comemorar o aniversário em Londres (só na humildade, claro), e lá se foram, levando o meu irmão junto. Como eu não pudesse ficar sozinho em casa, tive que ir até a casa do Anders, o meu conselheiro do Rotary. Não que isso seja um problema, pois o cara é tão podre de rico que fede a um quilômetro. Tem uma puta casona voltada pro mar, um tezão. E além de tudo, ele caça. Alces.

É claro que, como bom anfitrião, ele me convidou para caçar no sábado. E é claro que, como bom (ou totalmente tapado) intercambista, eu aceitei. Porque não né, conhecer um pouco desse elemento tão típico da cultura finlandesa. Big mistake.

Começamos mal: tive que acordar às 6.30. Até aí tudo bem, né, fazer o que. Cheguei na cozinha pra tomar café e recebi uma pilha de roupas do tamanho de um alce. "Essas são as tuas roupas", o Anders me falou, enquanto explicava qual camada ia por cima de qual. Nunca usei tantas camadas na minha vida.
Bem, todo equipado e parecendo uma mistura de pinguim (por causa do jeito que eu andava), marinheiro (por causa da touca que eu usava) e palhaço (por causa da jaqueta laranja), lá fui eu.
Interessante: todos têm que usar a jaqueta laranja para que não levem tiro (porque aparentemente os finlandeses são tão cegos que podem confundir um HOMEM com um ALCE. Pois é.)
Anyway, lá fui eu. Chegamos até o ponto de encontro da turma. São quase 30 no total, todos armados e prontos para matar o primeiro alcino que aparece na frente. As armas são admiráveis, tenho que admitir.

Agora é o momento em que vocês imaginam que nós todos saímos correndo pela floresta, formando uma linha e tentando encurralar o alce, enquanto tiros são disparados, pássaros voam assustados e cães latem. Errado. Esse é o momento em que cada um vai até o seu lugarzinho e senta. E espera. Pois é.

Eis que a estratégia de caça do alce aqui é curiosa: eles mandam os cachorros atrás dos alces. Os cachorros têm a responsabilidade de assustar os alces na direção de algum dos caçadores, que estão em sua maioria sentados em torres de madeira espalhadas por uma área. Quando, então, o alce é avistado, eles atiram e matam o bicho. Não precisam nem levantar. Tosco né.

Eles não caçam, apenas esperam que um alce apareça gritando "me mata, me mata", e aí... BANG!

Mas o melhor não é isso. O melhor é que, não importa quantas camadas você usar, você vai passar frio. Isto é fato, e todos concordam. Então lá estava eu, congelando o meu cuzinho, quando aconteceu o melhor.
Não, nós não matamos nada. Foi mais tragicômico do que isso.
Eu estava andando com o Anders, conversando numa boa, já que os cães não estavam latindo (o que significa que eles não estavam atrás de nenhum alce) quando eu tropecei e consegui enfiar a minha perna na água. Eu pensei "tudo bem, estou com as galochas impermeáveis, não vai molhar". Daí quando fui tentar dar mais um passo, eu afundei um pouco. Deve ter sido uns 2 centímetros. Aqueles dois centímetros que faltavam para a água passar das minhas galochas.
Senti a água MUITO gelada escorrendo pela minha perna e se acumulando nas minhas duas meias (em um pé só, tá. Eu disse duas meias, não dois pares de meias). Bom, enquanto eu tava andando não teve problema né. Como havia movimento, o pé não esfriava. Mas quando a gente sentou de novo pra esperar o alce aparecer... mano, eu parei de sentir os dedos do pé em dois segundos. Achei que fosse um daqueles casos que aparecem do "Sobrevivi" do Discovery, sabem? Dedos pretos, vermes saindo de debaixo da unha e tal... Mas não, só tava frio pacaralho mesmo.

Bem, voltei pra casa às 16.30. Voltamos sem nada, porque foi o único dia em toda a estação que eles não mataram nada. Eu estava com frio, não sentia o meu pé direito, estava morrendo de fome e de cansaço. Tomei um banho, comi qualquer coisa e despenquei na cama, só sendo acordado pro jantar. QUE É ÀS CINCO!

Vocês tão vendo como tudo é errado aqui? O que eles chamam de caça é espera, o que eles chamam de jantar é chá das 5. Gelo cai do céu ao invés de sair do congelador. Tudo errado.

Lições aprendidas no dia: nunca leve um brasileiro para a caçada, eles dão má sorte. Se levar, que seja o Capitão Nascimento.

Isso ae negada, agora que eu já dividi a minha amável experiência com vocês, devo dizer adeus. Cansei de escrever já, e vocês já devem ter cansado de ler.

Cuidem-se aí, mandem notícias por coments ou por emails ou por sinais de fumaça ou por telepatia, sei lá.
To com saudades de falar com vocês, povo. E àqueles desconhecidos que lêem o blog, não exitem em entrar em contato para conversar também, se quiserem. Me adicionem no facebook, orkut, skype, whatever.

Bjundas negada!

Beijo Fran! Te amo viu minha safira! (só porque eu prometi pra ela :P)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Acampamento Multidistrital

Ooooooi negada!

Tudo susse com vocês?
Porque aqui tá tudo... massa.

Então, eu sei que to há um tempo sem escrever, mas é porque... tá, eu tava sem empenho mesmo. Não vou inventar desculpa porque vocês já sabiam a verdade.
Anyway, estou aqui para contar-lhes as novidades =D

Tive a primeira neve decente aqui em Närpes no dia 15, o mesmo dia em que eu fui pro Acampamento Multidistrital. O acampamento foi em Ähtäri (ou algo assim), uma cidade perto de Seinäjoki (outra cidade). Sabem, aquelas duas cidades das quais vocês nunca ouviram falar.
O acampamento uniu dois distritos: o 1380 e o 1400. Foi muito massa, me diverti muito e conheci melhor o pessoal do outro distrito.
Lá tinha mais neve que aqui, e eu pude experienciar o rolamento na neve pós-sauna. De fato, uma experiência única. Você não sente os seus pés depois de 3 segundos, e se ficar mais de 5 minutos não sente o resto do corpo também. Mas foi bem massa =D
A gente passou três dias lá, e no sábado fomos até Ähtäri pra visitar o zoológico e um hotel-caverna super massa. O zoológico tinha vários animais típicos dessa latitude, tipo ursos, lobos, leopardos-das-neves, castores e essas coisas. Tava nevando bastantinho, como vocês podem ver:
Pois é, eu sei que parece aquela neve falsa de isopor que a gente coloca nas árvores de natal aí no Brasil, mas é neve de verdade... Mano, parecia que o mundo ia acabar. Gelo é pra sair do congelador, não cair do céu. Tudo errado nesse país xD

Claro que, como bom turista que sou, quase não tirei fotos dos animais. Mas vou colocar aqui a única foto que ficou boa do gatinho gelado, só pra dizer que pus.

É, pois é. Taí, o gatinho gelado. Acho que isso era o mais especial no zoo. Além disso, o normal: ursos, renas, viados (de ambos os lados da cerca, se vocês me entendem), castores, lobos... Ver os lobos foi legal, porque eles tavam dormindo enroladinhos que nem cachorros. Daí quando a gente chegou lá, ninguém conseguia vê-los porque eles pareciam pedras, ainda mais com a neve... Demorou uns 3 minutos até que o primeiro animal falasse "ih, tão todos ali". Mas foi legal.
Ah, daí tem o hotel-caverna. Eu não sei bem como explicar esse hotel... Ele foi cavado em pedra, sabe. Tá, não é bem uma caverna. Tá, peguem a foto e se virem.
Sacaram? É subterrâneo, cravado na pedra. Sei lá, é massa pacasseta. Esse valeu a pena, até porque lá dentro não nevava...

Além disso eu também fui até Helsinki, não sei se contei pra vocês... Não foi lá grande coisa, eu só acompanhei a minha família enquanto eles faziam compras. Porque isso é o que os caipiras do interior fazem na capital, pelo visto. É tipo o povo de Londrina quando vai pra Curitiba, sabem? Não precisa nem de hotel, dorme no Mueller mesmo. Com todo o respeito aos Londrinenses, claro.
Então basicamente foi isso. Eu fui até Helsinki, passei dois dias lá e não visitei nem a porra da catedral da cidade, que é linda. Nem o parlamento, nem o monumento do Sibelius, nem porra nenhuma. Só fui até o Stockman, uma super loja onde eu fiquei com o meu pai por uma hora e meia escolhendo vinhos. É, pois é.
Ah, mas eu tamb;em encontrei os brazucas que tão aqui pelo Rotary. A negada se reuniu em Espoo, uma cidade do lado de Helsinki. Tipo São José, sabe. Daí  eu fui lá, fiquei com eles um pouco e voltei pro hotel depois. E foi isso.

Tá, acho que é isso que eu tenho pra contar pra vocês, meu povo. Bem, provavelmente eu tenho mais coisa, mas o que eu não tenho é empenho de escrever tudo xD
Mas não é tanta coisa assim mesmo...

Anyhow, por enquanto é isso. Me esperem daqui a algum tempo com mais novidades extremamente empolgantes e excitantes sobre a vida nesse país que sempre é um dos primeiros a sumir nos filmes de fim de mundo (consultar O Dia Depois de Amanhã e 2012).

Beijundas!