quinta-feira, 3 de março de 2011

Quem é vivo...

Sempre aparece! Oooooi minha negada! Saudades de mim?

Pois é, quem diria né... Faz um tempinho que eu não escrevo aqui... Desde o Natal, né não? Então, o que acontece é que eu to sempre adiando escrever aqui, não sei porque... não que eu não tenha coisa pra contar, mas o que eu mais tenho aqui é preguiça.
Vocês não fazem ideia da preguiça que o inverno depositou nas profundezas de minh'alma. Sério, se vocês acham que o inverno brazuca deixa vocês preguiçosos, vocês ainda não viram nada!
Nossa, eu tava vendo o meu último post. Que putinha falsa que eu sou, iludi o coração de meus fiéis leitores falando que o próximo post viria "dali a alguns dias"... Malz ae negada =/
Maaas acontece que eu tenho, na verdade, tido muita coisa pra fazer ultimamente. Sério, não tenho parado em casa. Cada final de semana eu to numa cidade diferente, visitando um povo diferente e tal... Mas agora eu vou tentar recordar todos os acontecidos e contá-los em ordem cronológica. O que vai ser meio fodinha, mas a gente administra a falta de memória do jeito que der.

Bem, a primeira coisa que eu tenho pra contar é da festa de Natal em si... tá, dessa eu nem me lembro direito. E não, não é pelo motivo honrável e memorável do excesso de sangue no álcool. É porque as festas aqui, no geral, são tão sem graça que dói quando comparadas às festas brazucas.
Eles não reúnem a família toda. Nem os amigos. É só a familia próxima, ou seja, quem mora na casa. O jantar é servido lá pelas sete da noite, o que é BEM tarde pra eles jantarem, já que esses loucos jantam às cinco. Às vezes eu tenho certeza que é o frio que prejudica o cérebro da branquelada (não dá pra chamar de "negada" um povo que não tem Sol por 3 meses no ano, né) daqui...
O que eles têm de legal é a entrega de presentes, que nas casas com criança (como era o meu caso, mas eu prefiro chamá-las de "demônios infernais" ou "assistentes do janho". "Macaquitos demoníacos" também serve) é feita por uma pessoa vestida de Papai-Noel. O velho barbudo é coisa grande aqui, já que eles falam que o cara originalmente é daqui. Nem fodendo, na minha opinião. Um finlandês nunca teria a cara-de-pau de entregar presentes pra desconhecidos, sendo que eles nem falam com pessoas que não sejam mais próximas do que os prótons são do núcleo. Mas tá whatever. Foi divertido, eu recebi uns presentinhos massa, muito chocolate Fazer (a marca que, como todo o resto, eles dizem ser a melhor do mundo. É boazinha, mas eu ainda não troco o meu Garoto por nada. E não pervertam essa frase, seus putos) e um livro legalzinho sobre o país. Ah, também ganhei uma placa daquelas de por na porta escrito "TERVETULOA", que significa "bem-vindo" em finlandês.
Isso contado, vamos para o ano-novo. Eu nem acredito que ainda não contei disso pra vocês. Eu jurava que havia contado já. Mas tá, anyway.

O Ano-Novo. Como sempre, eu esperava uma puta festona cheia de gatinhas finlandesas em roupas brancas super sexy, fogos de artifício a dá-co-pé e muita, muita bebida. E como sempre, eu esqueci que eu não to mais no Brasil... só me faltou imaginar que a festa seria na praia (que hoje em dia pra mim é um conceito abstrato, solamente). Não que a festa tenha sido ruim, claro que não. Foi bem... finlandesa.
Meus amigos do terceiro ano me chamaram pra festar na casa da Catarina, que é onde eu moro agora (minha terceira família, falarei deles mais tarde). A mina estuda na minha escola, mas no segundo ano, isso porque ela fez intercâmbio na Nova Zelândia (o lugar mais original do mundo pra intercâmbio, convenhamos) e perdeu um ano na escola. Garota legal, ela. Feia que dói, mas legal pacas.
Tá, chegamos lá pelas sete da noche na casa, eu com oito Guiness (que aqui é barata pacaceta, morram de inveja) e a negada com mais uma cacetada de bebida. Como estamos falando de finlandeses aqui, e eles parecem ter menos fígado que os japas (que já são tão fracos que com o cheiro de cerveja eles entram em coma) lá pelas oito e meia já tinha uns neguinhos pirando na maionese. Bem, éramos uns seis, sete... ficamos na cozinha bebendo, comemos uma coisinha ou outra e fomos pra sala. Jogar um jogo de tabuleiro. Em dialeto. E eu fiquei lá parecendo um poste sem entender porra nenhuma, mais perdido que filho de puta em dia dos pais. Mas tá, demos umas risadas e tal, tudo legal. Eu na minha terceira Guiness, fomos jantar. Jantarzinho massa, quando a gente vê já era cinco pra 2011. Fomos lá fora. Meu amigo fala "vou pegar os fogos no carro", e eu pensando "ah, finalmente algo alegre, decente, honrável, digno do melhor país do mundo e tal". Que nada preibói, eram tipo uns cinco foguetinhos dos mais marca-barbante da paróquia. Deu meia noite, a gente saiu no meio da rua (que nem podia ser distinguida pelo excesso de gelo e neve) e soltamos os cinco foguetinhos na maior alegria. Eles pareciam umas criancinhas. A gente abriu um champanhe e, quem dirá, eles todos se abraçaram. De fato, só em ocasiões especiais.
Voltamos pra dentro. "Agora que a festa começa" eu pensei, ainda com um pingo de fé nesse povo. Que nada manolo, era uma da matina já tava todo mundo morto. Os mais pingados foram buscados pelos pais e a gente foi dormir. DUAS DA MATINA E EU DORMINDO. ANO NOVO. TUDO ERRADO.
Não digo mais nada, fato.


Bem bem bem, agora começamos 2011. Aninho anudo esse né?
Os acontecimentos interessantes do início de 2011 envolvem:
- Muitas viagens: duas idas a Helsinki, acho que duas a Oulu e umas três a Turku, pra onde eu também vou amanhã de manhã. Uma das idas a Helsa foi com o meu papito, que encontrou-me acá. Mas isso vem depois.
- Mudança de família: foi tipo a alma do Saddam Hussein sendo perdoada e indo das profundezas do inferno pro melhor lugar no céu. Não é nem "sentado à direita (ou esquerda, sei lá) de Deus. É mais "chutando a bunda do véio e pegando o trono pra si"
- Veteranos indo embora, calouros chegando: triste, mucho triste. Mas ao mesmo tempo, feliz. Só que mais triste do que feliz.

Empezemos com as viagens. Não tenho muito a contar sobre as outras que não as idas a Helsinki, e também daqui a pouco eu recebo uma mensagem do Blogger falando "para de escrever, seu tosco"
A primeira ida a Helsa foi com dois motivos: férias dos assistentes do janho com quem eu morava na época e a despedida dos veteranos no aeroporto.
Houveram duas ondas de veteranos indo embora. A primeira foi dia 7, mas foram só dois. Sonya, da África do Sul e Jon, da Nova Zelândia/Dinamarca. Eles foram cedo pacas (quando eu digo cedo pacas, eu quero dizer lá pelas seis da madruga) então eu e a Alysha (a canadense na casa de quem eu me hospedei enquanto em Helsa) chegamos no aeroporto lá por umas quatro, pra ter tempo com eles. Foi triste, foi horrível, mas não foi o pior. Porque com eles eu não tive tanto contato, não passei tanto tempo, e embora eles sejam pessoas incríveis que eu nunca vou esquecer, não doeu tanto vê-los partindo.
Consideremos o dia 7 como uma espetadinha com a ponta da espada antes do golpe final que cortou meu coração ao meio e me fez soluçar por dias (caralho, isso foi muito dramático. Tenho que parar de ler Allan Poe).
Bem, dia 14 teve a outra ida dos veteranos. Dessa vez foi uma ida massiva. Todos (ou quase todos, ainda tinha uma retardatária em Turku) os australianos foram no mesmo vôo, de uma vez só. Todo o povo que tanto me inspirou, tanto me ensinou, tanto me ajudou, tava indo embora. Eu não sei se jamais verei eles de novo. Espero que sim, mas não sei né.
Os meus veteranos favoritos tavam indo cara. A Nicole Festing, que começou a falar comigo uma cara antes de eu sequer vir pra cá. A outra Nicole, que é uma das coisinhas mais fofas e abraçáveis que eu conheçi. E o Tish, meu grande mestre, meu grande antecessor, o prévio portador do chapéu. Tinha veteranos lá que eu nem conhecia, ou que eu conheci na Lapônia só. Isso também foi horrível, porque eu me senti um bosta de não ter conhecido eles antes, sabe. Gente tão legal, tão divertida.
Ver eles todos passando pelo portão, pela segurança do aeroporto e tal, foi horrível. Sério, acho que só intercambista que passou por isso entende. É muito foda. E o pior é que não só dói, não só sente como se uma parte de você estivesse subindo no avião pra sabe-Deus-quando voltar, mas também faz você se tocar que o teu tempo tá acabando, que você já tá nessa porra há seis meses e que antes do segundo tempo você tá de volta em casa. E isso é MUITO estranho.
Todo o conceito de voltar mudou pra mim depois disso. Eu não me vejo mais indo embora, voltando pra Curitiba e indo aos mesmos lugares que eu ia antes, com as mesmas pessoas e tal. Não que eu não sinta mais saudade disso, claro que sinto. Mas é que a minha vida aqui é tão boa, tão perfeita que é difícil imaginar uma outra. Depois de seis meses você já se acostuma tanto a ouvir inglês/finlandês/sueco que ouvir português é estranho. Eu passei esses tempos um final de semana com a Thais (de Foz) e a Fernanda (de Cornélio) e só falar com elas já era muito estranho pra mim, sério mesmo. Não sei, só sei que tá diferente. Eu to diferente.

Bem, passadas as tristezas e tal, eu voltei aqui pra terra do tomate e passei uma semana, antes de voltar pra Helsa e dessa vez encontrar o Digníssimo Progenitor Desprovido de Cobertura Capilar. Como aqueles que me conhecem sabem (porque eu me gabo disso o tempo todo), o meu papito é professor de arquitetura na Pontifícia Universidade Careca Católica do Paraná. O manolo, além de ser todo fodão lá no curso, ainda meio que coordena as viagens da negada. E todo ano ele consegue uma viagem pra Europa. Coisa pouca né.
Tá, dessa vez ele decidiu vir cinco dias antes e me encontrar na grandiosa Jóia Branca do Norte, a maravilhosa Helsinki. Cidadezinha legal pacas aquela, sério. Aconselho visitar, sempre que possível. Eu vou sempre que dá. O foda é que é cinco horas e 25€ pra chegar lá, mas susse.
Bem, a coisa começa antes de eu encontrar meu pai, numa outra cidade chamada Tampere. Lembram na minha primeira semana aqui, que eu tava no acampamento em Karkku e tive um dia pra encontrar meus veteranos em Tampere? Se não lembram, olhem no arquivo do blog, seus preguiçozinhos. Então, mesma coisa. Só que dessa vez eu era o veterano. E conheci os calouros, mas nem falei muito com eles. Foi assim: abraça todo mundo, se apresenta, dá uns conselhos gerais, pergunta o nome e a cidade aqui e esquece no minuto seguinte, essas coisas.
Isso terminado, fui pra Helsa encontrar o meu pançudinho. A gente tava num hotel mó massa, tipo uma kitnet num bairro-ilha chamado Katajanokka. É lá que se encontra a Uspenski Katedraali, a catedral ortodoxa russa da cidade. Uma coisa linda que só, ficava a duas quadras do hotel.
Passamos cindo dias maravilhosos, envolvendo compras na Stockmans (sim, eu tava com saudade de gastar a grana do meu velho) onde eu ganhei uma câmera e um mp3 player decentes, além de um bando de bebida e comida boa. Meu pai conheceu a maioria dos intercambistas que moram na área, inclusive os pais da Alysha (donos da casa onde eu fiquei na vez anterior, super-duper-hiper-mega-overpowerly legais), foi em uns bares mucho maneiros comigo e visitou a maioria dos pontos turísticos da cidade. Foi muito legal mesmo matar a saudade um pouquinho daquele calvo desgraçado que eu tanto amo e admiro.
A gente esteve dentro do prédio do Senado, onde eu encontrei uma Senadora daqui de Närpes que eu conheci na festa de Natal do meu Rotary e que me convidou pra tomar um café lá onde ela trabalha (sim, aqui no primeiro mundo senadores realmente trabalham). Quando a gente tava sentado conversando, apareceram dois caras seguidos por um bando de câmeras e fotógrafos no maior estilo paparazzi. Daí a senadora falou que era um senador que tava envolvido num escândalo, parece que tinha desviado uns milhões de euros ou algo assim. Ela nem falou nada além de "não dou três dias pra esse aí". Isso significa que em três dias ele teria renunciado o cargo e, provavelmente, deixado o país. É assim que funciona aqui. E é por isso que aqui funciona.
Bem, papis foi embora e eu voltei pra minha terrinha tomatosa, onde fiquei por mais um tempo até viajar de novo, nem lembro pra onde. Acho que foi pra Oulu. Ou não, sei lá.

Assim passou Janeiro. Fevereiro, como sempre, passou antes de eu começar a piscar. Já tamos em Março. Daqui a cinco dias faz sete meses que eu estou aqui. E não, eu não quero que acabe. Mas ao mesmo tempo eu quero. Sei lá o que eu quero.

E amanhã eu vou pra Turku. E no meio do mês eu vou pra Suécia e Noruega com a minha família. E no fim do mês eu vou pra Rússia. Então esperem posts. Sempre esperem posts, porque mesmo que eles demorem, sempre vêm. E negada, não esqueçam de mim viu. Porque eu não esqueço de vocês, podem crer.

Saudades, muitas saudades!


Beijundas!

2 comentários:

  1. Fale todos os nomes das cidades postadas aqui, bem rápido e com a voz grossa. Parece macumba, né ? Hahaha.

    ps: se vc decidir parar de responder meus e-mails e cortar relações com a sua melhor amiga, tudo bem (mentira). Mas pelo menos diz isso na minha cara, não me deixa no vácuo, seu puto!
    beijo, amo vc :D

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  2. aaaleluia o poc postouuu! hausihsaiusa
    tô com saudades idiota! aiai lendo seus posts dá uma vontade de se madar daqui, kkk
    beeijos

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