sábado, 25 de dezembro de 2010

Relatos Lapônicos

Daeee negada! Quanto tempo né!

Primeiramente, desejo um feliz natal pra todo mundo.

Como eu já expliquei o motivo da minha demora, não vou me prender nesse assunto por muito tempo. Acabou que o meu computador só voltou a ler o cartão da câmera ontem, deve ter sido um milagre de natal. Até porque eu já tinha tentado de tudo pra fazer aquela merda funcionar... Então agora eu posso por umas fotos legais que eu tirei lá pra vocês terem uma ideia de como são as terras do norte. Norte do norte, na real.

Bem, a viagem à Lapônia... Cara, foi fantástico! Não só pelo lugar, que é lindo, mas por causa do que aconteceu lá. Eu reencontrei todos os intercambistas, alguns dos quais eu não via desde o acampamento em Karkku. A maioria, na verdade, porque eu moro isolado de qualquer presença intercambística.

Bem, não vou contar tudo com detalhes. Tenho muita preguiça disso, e já faz tanto tempo que a maioria dos detalhes é somente uma sombra, uma vaga imagem em minha mente. Mas a sensação de estar lá, no meio daquele povo, essa ainda é fresca e se eu concentrar-me posso senti-la novamente, embora com o pingo de saudade gerado pelo fato de ser apenas uma memória. Foi tudo maravilhoso, cada minuto. Muitos abraços e carinhos, muita festa e muitas, muitas risadas.

Eu enfrentei uma viagem de muitas horas até aquele lugar. Creio que foram umas 12 horas no bus, na real. Esse foi um dos melhores períodos porque a gente sempre tava conversando e nunca parou pra dormir. Nas breves paradas eu e a Chrissa (americana, massa pacas) saíamos do bus pra fumar um cigarro e esperar outros embarcarem. Tava MUITO frio. Passamos por umas paisagens lindas, embora fossem sempre meio iguais... Dessas eu não tenho foto porque a minha câmera tava na mala, que tava no porta-malas do bus...

Chegamos lá e demos uma olhada no Harriniva Hotel, o lugar onde iríamos ficar. Muito legal, todo feito de madeira. Acho que aquilo é tipo a versão finlandesa dos hotéis-fazenda que a gente tem aí, sei lá. Os quartos eram super confortáveis e bonitinhos, os detalhes de madeira e vidro finlandês super bem trabalhado. No meu quarto ficou o Victor, um baiano de Aracajú (ou algum lugar no Nordeste, lá é tudo Bahia pra gente mesmo...) e o Santa, um chileno. Isso significa que a língua que reinava no quarto era o castellano, já que os castellanos não entendem português. Pelo menos treinei um pouco...

Durante os dias que a gente passou lá (cinco dias no total, mas só três inteiramente no hotel) fizemos várias coisas, entre elas ver as renas. Cara, elas são legaizinhas mas não tanto quanto a gente imagina. E os narizes não são vermelhos, isso foi uma decepção. Andei num trenó puxado por renas, caminhei pacas na neve e tentei esquiar.

Essa experiência foi maravilhosamente desastrosa. A de tentar esquiar, eu digo. Eis o relato:
Depois de lutar por mais de meia hora só pra ficar de pé naqueles troços, eu finalmente andei até o meio da rampa "ultra-mega-baby-fácil". Aquela para qual as crianças finlandesas olham e dizem "que troço ridículo."
Comecei a descer, e estava indo muito bem nos dois primeiros segundos. Então o pior aconteceu: eu perdi meus pauzinhos. Sabem, aqueles pauzinhos que você usa sei lá pra que. Eles caíram de minhas mãos, e logo depois eu perdi o equilíbrio e caí. Mas eu não parei. Eu caí sentado nos meus esquis e continuei escorregando, pensando em minha própria morte enquanto eu me aproximava das árvores.
Minhas mãos estava atrás de mim, tentando fazer o esqui parar. Nisso, neve começou a entrar em minhas luvas e eu já não sentia mais metade de meus punhos. Aí o pior de tudo aconteceu. Eu caí de novo. Na verdade eu perdi o equilíbrio e caí nas minhas costas, mas continuei escorregando. Agora eu olhava para o céu, as nuvens passando rapidamente por mim, sem saber para onde eu ia ou qual era o meu cruel destino. Lembro-me de, enquanto olhando para o céu, ter pensado "porque, Deus? Porque a Finlândia? Porque não as Bahamas?"
Enquanto eu praguejava Deus e todos os santos pelo que acontecia comigo, senti a neve entrando em minha camiseta, passando por todas as camadas de roupas que eu usava (estava -25) e tocando a minha pele, acumulando-se entre minhas costas e a primeira camiseta térmica que eu vestia. Aquilo sim foi uma bosta. Parei de sentir minhas costas, e podia quebrar a espinha em três lugares diferentes que não sentiria nada. Parei de escorregar. Levantei minha cabeça e vi que tinha sido parado por um montinho de neve, divinamente colocado ali. Era como se os deuses estivessem falando "Já rimos o bastante por hoje".
Levantei, e toda a neve que estava nas minhas costas escorregou para dentro das minhas calças. Atravessou as três camadas de calças que eu vestia e atingiu minha bunda. Foi descendo, e acabou atingindo minhas duas companheiras. Finalmente eu sabia o que era uma "Ball-Freezing Experience".

Não sei exatamente porque isso aconteceu, talvez porque os brasileiros simplesmente não foram projetados para andar na neve, quem dirá escorregar. Ou talvez porque era minha primeira vez, e como eu ouvi várias vezes naquele dia "da próxima será melhor". Próxima? Ha.

As renas. Essas foram legais. Muito frio ainda, mas sem neve nas calças, fui até uma fazenda de renas e conheci uma velhinha que está na milionésima terceira e sei lá quantas geração de criadores de rena oficiais da Lapônia. Admirável, e super cuti cuti nas roupinhas típicas, ela nos ensinou como laçar uma rena usando uma corda e uma rena de madeira como exemplo. Todo mundo tentou, e a maioria acertou. Aqueles que me conhecem sabem que minha mira nunca foi das melhores, então não precisa dizer que eu quase acabei laçando uma árvore próxima (10 metros é próxima pra mim, tá u.u).

essa é pra você, Nani =D

Bem, teve as festas também. A gente se divertiu muito, teve duas festas. Infelizmente, a gente tinha que estar na cama às 11, então elas não duraram muito. Mas uma delas foi a festa tradicional da viagem à Lapônia, a festa sem calça. Basicamente todo mundo tirou a calça e foi festar foi bem interessante. Claro, todos usavam roupa de baixo. Afinal, nada de obsceno acontece no intercâmbio. Not.

Ah, tem uma coisa importante também! Na verdade a coisa mais importante dessa viagem, pelo menos pra mim. Sabem que tem os veteranos né? Aquele povo que chegou aqui em Janeiro passado e volta nesse. Então, essa era a última viagem deles, e a última chance de eles encontrarem todos os calouros (nózes) em um lugar só. Isso significa que era hora de passar os presentes adiante.
Os presentes são uma tradição do intercâmbio da Finlândia. Eles passam de geração em geração, de acordo com o seu significado, e sempre são dados no último encontro de todos, como era o caso.
Haviam muitos presentes, tantos que eu nem lembro direito. Mas o que eu ganhei eu lembro (capitão óbvio!)
Eu sou o herdeiro oficial d'O Chapéu. Também conhecido como A Coroa ou Chapéu do Especial, ele é dado àquele intercambista que se comunica com todos, faz todo mundo rir e nunca demonstrou preconceitos nem nada do gênero. É o cara social e tal, que nunca para de conversar e sempre tem assunto. E esse sou eu, aparentemente.
Embora eu conheça muita gente que merecia mais o chapéu do que eu, estou muito feliz com o presente. Nunca imaginei que iria ganhar uma honraria dessas. E ele não só simboliza tudo aquilo que eu falei ali em cima, mas também simboliza que eu agora sou como que um "líder" dos calouros. Eu devo organizar eventos e estar sempre presente e tal. É por isso que muita gente chama de A Coroa.
O cara que me passou-a, um indiano australiano chamado Tish, segue realmente esse perfil. O cara sempre foi um líder no grupo, consegue influenciar e mudar as opiniões das pessoas para entrar em um consenso, e tá sempre falando com alguém. Ele é um cara muito legal mesmo.

Acho que isso é tudo que eu tenho pra contar pra vocês sobre a viagem... Sei que eu não tinha muitas fotos, e na verdade eu não tenho escrito muito porque antes eu tava muito ocupado e agora ando muito ocioso. Sei lá, tenho pensado muito em tudo e to fazendo umas mudanças básicas. Não se assustem, nou estou virando finlandês xD

Gente, sinto muita falta de todos vocês aí. Até daqueles que eu não conheço, porque eu sinto falta do povo brazuca num geral. Cuidem-se e festem pacas agora que é tempo!

Meu próximo post virá daqui a alguns dias, mas provavelmente depois do ano novo. Daí eu vou contar pra vocês como foi a festa de natal ontem (não tem muito pra contar na real) e como vai ser o ano novo.

Beijundas!

4 comentários:

  1. Comecei a ler seu blog a pouco tempo,mas já estou rindo horrores aqui.Fiquei sabendo que os finlandeses comem carne de rena é verdade?

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  2. Cara...quase morri de rir... que figura...imaginei as cenas e vc todo jeitoso se empacotando e tudo mais...
    Show filhão...
    As renas são lindinhas...e vc ganhando o tal chapéu, heim??? Que chique...vc merece...e é lógico que teria que ser assim...essa é a tua história e tem haver com teu perfil...sempre...Parabéns!!! Tô orgulhosa pacas!!!!!!!!!!!!!!!

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  3. poooc eu nao tinha visto o video do show!! muiiito legal *-* e as renas, ownn as renas :D

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  4. ainda bem que a festa sem calça não foi depois da neve no saco..apesar de que depois disso você poderia tar até sem cueca que ninguem ia ve nada

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